“(…) Mas o tema nem de longe está esgotado. Se não obstante o encerramento é porque o tamanho de um livro tem de ser subordinado a considerações econômicas. Contudo, a nossa escolha de assuntos na profusão de descobertas arqueológicas obedeceu a uma intenção particular. Conquanto não tenhamos classificado as escavações em ordem cronológica, e sim segundo os espaços culturais em que ocorreram, nossos quatro livros constituem um quadro, por assim dizer natural, quatro ciclos culturais independentes, de quatro das mais importantes civilizações adiantadas da Humanidade. Devemos levar em conta que entre estas poucas civilizações adiantadas e numerosas sociedades primitivas há uma diferença tão grande como entre ‘história’ e vegetação, entre consciência e instinto, entre a formação criadora do meio-ambiente e o passivo ‘deus-dará’. (…)”

in: pag. 355

Título do original alemão: Götter, Gräber Und Gelehrte – Roman der Archäologie
Ano de lançamento do original: 1949
Tradução: João Távora
Edições Melhoramentos: São Paulo
10ª Edição
1962
396 pags.

Sinopse

Deuses, Túmulos e Sábios — O Romance da Arqueologia (no original em alemão: Götter, Gräber und Gelehrte — Roman der Archäologie) é um livro popular do escritor alemão C. W. Ceram sobre a História da Arqueologia. Publicado pela primeira vez em 1949, o livro introduz o leitor leigo em Arqueologia a assuntos sobre a origem e desenvolvimento da mesma.

A obra cobre Grécia Antiga, o Egito Antigo, bem como arqueologia da Mesopotâmia, América do Sul, México e América Central. Intercalando a descrição das descobertas com rápidas biografias dos estudiosos e arqueólogos como Heinrich Schliemann, Jean-François Champollion, Paul-Émile Botta, Howard Carter, dentre outros.

⚖️Créditos da Sinopse (adaptada): Wikipedia

Inomináveis Saudações a todos vós, Seres Do Mundo!

Observar a História Mundial a partir dos túmulos do passado é o seguimento de interpretação mais simples que possa haver para classificar-se a Ciência Arqueológica. Ser um Cientista Arqueológico é, no entanto, um processo que envolve complexos espaços que, através de um metódico estudo, expõe os porquês inerentes à época relacionada ao contexto cultural, social, econômico e religioso da mesma. Para muitos membros da Humanidade atual, a Arqueologia sequer tem importância ou lhes diz algo, muito por culpa talvez do afastamento desta Ciência do meio cultural de massa, por motivos que acompanham os diversos processos que moldaram a nossa culturalmente pobre sociedade mundial contemporânea. Este livro quase tornou a mesma imensamente popular no mundo (em termos de algo que permanecesse de interesse geral como é, por exemplo, a Bíblia e os Beatles) e foi um best-seller à época de seu lançamento no original alemão. Deuses, Túmulos E Sábios – O Romance Da Arqueologia, de Curt Walter Ceram, pseudônimo de Kurt Wilhelm Marek (1915-1972), em sua fantástica narrativa sobre fatos históricos de um modo narrativo próximo ao dos Romances em seu sentido literal, não deixa de ser uma obra-prima hoje esquecida pela imensa maioria do público leitor. Sendo ou não um estudante do assunto, este é o tipo de livro que, como se diz tradicionalmente, vem a conquistar o leitor do início ao fim da leitura.

Sobre o objetivo da escrita deste livro, lê-se à página 13:

Pois verifiquei que essa rica ciência, em cujos feitos se associavam aventura e trabalho de gabinete, entusiasmo romântico e modéstia espiritual, na qual a profundeza de todos os tempos e a vastidão do espaço global foram medidas como que passo a passo, estava enterrada em publicações especializadas. Por mais elevado que fosse o valor dessas publicações, elas não haviam sido escritas, em absoluto, para serem ‘lidas’. E é digno de nota que até hoje não se tenham feito ao Todo mais de três ou quatro tentativas para transformar em excitantes aventuras essas viagens de pesquisas ao passado. Dizemos digno de nota porque, na realidade, dificilmente haverá aventura mais emocionante, desde que se esteja inclinado a ver sempre na aventura um misto de espírito e de ação.

Sobre a importância do livro em si à época de seu lançamento, lemos a nota da Edições Melhoramentos à página 6:

DEUSES, TÚMULOS E SÁBIOS, que apresentamos em português, constituí um dos maiores sucessos editoriais dos últimos tempos. Somente na Alemanha foram vendidos, em prazo relativamente pequeno, cerca de 330.000 exemplares. Traduzido para a língua inglesa, foi publicado nos Estados Unidos, onde se transformou logo em best-seller, o que não impediu de ser editado em Londres.

Em seguida foi publicado na Holanda, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Suécia, França, Espanha, Itália, Islândia, Japão, Israel, Croácia e Iugoslávia.

Além dessa unânime aceitação, mais que significativa e que, por si só, já representa uma recomendação do livro como obra de cultura e divulgação, acresce que será igualmente editado em caracteres Braille, tendo a Metro Goldwyn Mayer extraído dele o argumento de um de seus filmes.

No total, o livro vendeu mais de cinco milhões de cópias em vinte e seis idiomas. Não consegui encontrar informações sobre o filme que utilizou excertos dele para o argumento de um filme da MGM, citado na nota acima da Melhoramentos, na Internet. A 10ª Edição que possuo foi lançada em Agosto de 1962 e é bastante conservada, não apresentando um envelhecimento em suas páginas muito por causa do tipo de papel utilizado. Bem diferente do papel utilizado hoje, me leva a ter uma comparação de conotação arqueológica sobre seu estado de conservação. Livros mais antigos do que este, que eu tenho em minha biblioteca, Budismo Esotérico (1918) e História Da Igreja De Cristo (1925), que serão resenhados à frente neste blog, apresentam o mesmo estado de conservação, sendo mais dois exemplos de tesouros arqueológicos que possuo. Ilustrado com fotografias, gráficos e desenhos, a ordem dos assuntos assim se encontra disponibilizada:

INTRODUÇÃO

Do que se trata


PRIMEIRA PARTE — O LIVRO DAS ESTÁTUAS

I. Prelúdio em terreno clássico
II. Winckelman ou o nascimento de uma ciência
III. Rastreadores da história
IV. A história do menino pobre que encontrou um tesouro
V. A máscara de Agamemnon
VI. Schliemann e a ciência
VII. Micenas, Tirinto e a Ilha dos Enigmas
VIII. O fio de Ariadne


SEGUNDA PARTE — O LIVRO DAS PIR MIDES

IX. Uma derrota que se transformou em vitória
X. Champollion e a pedra de roseta
XI. Um réu de alta traição decifra os hieróglifos
XII. “Lá de cima quarenta séculos vos contemplam”
XIII. Petrie e o túmulo de Amenemhet
XIV. Ladrões no “Vale dos Reis”
XV. Múmias
XVI. Howard Carter descobre Tutancâmon
XVII. O muro de ouro


TERCEIRA PARTE — O LIVRO DAS TORRES

XVIII. Está escrito
XIX. Botta encontra Nínive
XX. A decifração da escrita cuneiforme
XXI. A solução do problema
XXII. Palácios sob a colina de Nemrod
XXIII. George Smith procura agulha em palheiros
XXIV. Tiroteio em volta de Koldewey
XXV. Etemebanki — a torre de Babel
XXVI. Os reis que viviam mil anos e o dilúvio


QUARTA PARTE — O LIVRO DAS ESCADAS

XXVII. O tesouro de Montezuma II
XXVIII. A civilização decapitada
XXIX. Mr. Stephens compra uma cidade
XXX. Entreato
XXXI. O mistério das cidades abandonadas
XXXII. A marcha para o poço
XXXIII. Escadas sob florestas e lava


QUINTA PARTE — OS LIVROS QUE AINDA NÃO PODEM SER ESCRITOS

XXXIV. Novas pesquisas em velhos impérios
Tabelas cronológicas e arqueológicas
Mapas

Johann Joachim Winckelmann (1717-1768), Heinrich Schliemann (18221890), Arthur Evans (1851-1941), Dominique Vivant Denon (1747-1825), Jacques Champollion (1778-1867), Howard Carter (1874-1939), Paul Emile Botta (1802-1870), George Smith (1840-1876) e John Lloyd Stephens (1805-1852) são os principais heróis da História da Arqueologia cujos esboços iniciadores foram pelo primeiro escritos no século dezoito. A Antiga Grécia, o Antigo Egito, Babilônia, Nínive, Assíria, os escombros do Império Asteca e  os terrenos que ainda precisam ser descobertos sobre as Antigas Civilizações Terrestres: o campo de exumação de um passado de grandes descobertas científicas. O autor fala de um modo simples para leitores simples, amplamente abrindo mão do academicismo linguístico que muitas vezes na História afastou o público leitor de obras científicas de vulto. E este livro, sim, pode ser considerado uma peça rara e elevada da Arqueologia pela simples junção de conteúdo, informação e cultura gerais que lhe dimensionam em importância para diversas consultas e estudos. Escavar cada parte deste livro é como revirar a poeira de todo o passado de algumas das mais antigas e importantes civilizações que a marcha temporal nunca apagará por completo.

Nunca apagará porque seus resquícios ainda estão no mundo para serem descobertos, como se chamassem aos cientistas determinados a desenterrá-los da cova da História. Quanto a isto, o capítulo nono, recomendado na Introdução por Ceram como para iniciar a leitura do livro, assim diz em um trecho:

E eis que se encontra diante dos hieróglifos. Denon nada sabe a respeito deles. Não há ninguém ali que possa saciar a sua sede de saber. Em todo o caso, copia-os. Imediatamente o seu olhar leigo, mas habituado a ver o essencial, distingue três tipos de hieróglifos, cuja diferença reconhece acertadamente como expressão de épocas diferentes: cavados, em relevo, en creux. Em Sacara desenha a Pirâmide escalonada; em Dendera, os restos prodigiosos do último período egípcio. Pelas extensas ruínas da Tebas de cem portas ele corre para um lado e para o outro, incansável, desesperado, quando vem a ordem de partida e seu lápis ainda não pôde fixar tudo o que se oferecia aos seus olhos. Então, invectivando, chama alguns soldados ociosos e manda-os buscar ainda, rapidamente, a cabeça de uma estátua cuja expressão o seduziu.

Enquanto houver esta paixão de muitos homens e mulheres pelos estudos arqueológicos, a Ciência da Arqueologia se manterá viva. Este livro hoje pode não ser nada popular, debatido ou estudado, mas é recomendado a todo verdadeiramente apaixonado pelo assunto. A Ciência que ele toca pode não ser hoje a mais conhecida e consultada pela Humanidade, mas é a única maneira de entendermos o que hoje somos. O Homem e A Mulher deste século das Redes Sociais é o reflexo do Homem e da Mulher das Pirâmides erguidas no deserto do Saara. Realidades diferentes que se completam. Épocas diferentes que se chocam. Seres diferentes que se completam.

Isto é A Arqueologia, o assunto desta grande obra.

Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!

Capa do meu exemplar


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