Foto de Buul Bull no Unsplash

Inomináveis Saudações a todos vós, Seres Do Mundo!

Aproveitando o Dia Do Leitor, que foi comemorado aos 07 de janeiro, redijo este texto para falar da minha estrita e pessoal visão acerca da Arte Escrita. Antes que digam que o mesmo é uma simples “cagação de regra”, julgo ser importante observar primeiramente esta pergunta aos leitores que escrevem: vós sabeis, realmente, qual é o verdadeiro sentido de vossas escritas? Porque é necessário evocar tal sentido antes da elaboração de um texto como este que não prima pelo tocar em verdades absolutas. Pelo contrário, dentro mesmo da premissa aqui presente, julgo a necessidade de afirmar que eu não escrevo para agradar ou desagradar a alguém, por mais que meus diversos textos tenham temáticas que atraiam diversos interesses e tipos de leituras. E nem agrado a mim mesmo, já que nunca estou satisfeito com o resultado final de algo escrito, nunca dando como concluído o trabalho de me expressar assim artisticamente. É dessa afirmação convicta de sinceridade, muita sinceridade, que nasceu a ideia dos questionamentos que proponho a seguir.

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I) Por que agradar a alguém?

A função principal de qualquer arte é fazer pensar, meditar e questionar; incomodar e causar desconforto se necessário. A obrigação de agradar está nas mãos de autores(as) de novelas, filmes e séries que, com raríssimas exceções, precisam seguir as regras de seu contratante para manterem o público espectador satisfeito. Isso se realiza para que a próxima novela ou série seja acompanhada pelo mesmo público, o que explica a ainda existência das novelas da Rede Globo tanto quanto os filmes de Hollywood e as séries do Universal Channel. No entanto, quem consegue se manter à margem, mesmo sendo um(a) Autor(a) de sucesso, seguindo somente a cartilha da Escrita como algo artisticamente essencial em si mesma, encontra uma autenticidade hoje em dia mais rara ainda. O maior exemplo de tais autores é o George R. R. Martin com sua saga As Crônicas De Gelo E Fogo.

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II) Por que desagradar a alguém?

Deliberadamente, seria extremamente estúpido um autor(a) se situar como um criador que incisivamente crie para exclusivamente desagradar ao seu público leitor. O que venho a querer dizer com desagradar é a natureza inserida no início da resposta do primeiro questionamento acima. Cerceado pelos ditames de uma Escrita libertária e libertadora de convenções de todo tipo, sem fazer disso uma monótona ideologia ou conduta diária, o autor se encaminha para o sentido da Arte em ser um constante incômodo. Charles Bukowski é exatamente uma porrada na alma, no coração e na mente sem uma deliberada intenção de assim ser. Se toda reação dos leitores dele tivesse sido planejada, com tudo tendo sido anteriormente por ele planejado para causar esse ou aquele efeito, toda sua obra hoje seria descartável e anacrônica.

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III) Por que não agradar nem a você mesmo?

Imaginemos um criador(a) que se sentisse satisfeito a cada obra que concluísse. Essa satisfação seria fatal, posto que insatisfação é o primeiro requisito para todo e qualquer artista. Não há mérito ou glória, na visão da posteridade, que um(a) artista, se dando por satisfeito, venha a repetir mecanicamente cada parcela de suas criações posteriores repetindo as anteriores. A criatividade morre quando um(a) artista se dá por satisfeito; no caso de escritores(as), poetisas, poetas e demais artistas das Letras, o risco se encontra na perda do interesse do público leitor em seus escritos. Por qual razão Victor Hugo, Charles Baudelaire, Carolina Maria de Jesus, Florbela Espanca e Friedrich Nietzsche (sim, eu enquadro a escrita filosófica como uma arte), quatro exemplos entre outros eternos exemplos, são até hoje lidos e relidos ganhando novos admiradores de seus livros? Eles foram insatisfeitos em diversos sentidos durante suas existências e tornaram essa insatisfação a base para a criação de seus textos sempre acompanhados de uma intensa energia criativa visceral. Da insatisfação na vida comum à insatisfação no escrever, tornaram quatro dentre todos os maiores autores da História desta Humanidade.

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IV) Por que não desagradar nem a você mesmo?

Fora do risco da satisfação pelo conjunto de uma obra, o fator da insatisfação não se destina nem ao agradar ou desagradar pessoal. Claro que há pessoalidade, personalidade e individualidade em toda escrita, porque não existiriam as Letras sem esses três Afetos. Eles são primordiais, mas, se pensarmos bem, agradar ou desagradar subjetivamente não pode ser bem a ponte das consequências de uma escrita. “O sentido da Arte é não ter sentido”, observou deste modo alguém um dia; mas, artistas dão sentido ao que criam, concordemos. Mas, na verdade, o que importa não é o momento único e inescapável do ato criativo? O momento onde todo o resto do mundo desaparece? O momento onde o Tempo é extinto? O momento onde o Espaço inexiste? Nesse momento, então, não há o agradar ou desagradar no Eu que cria. E este momento é o que mais deveria importar para todo(a) aquele(a) que escreve e importa apenas para alguns que giram em torno daquele. Depois, o sentido é dado pelo autor(a) e por aqueles(as) que lêem o resultado final.

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Esclarecendo novamente que este texto se trata da MINHA visão acerca da Escrita, concluo o mesmo sem me alongar demais neste assunto. Existem muitas outras visões acerca do Escrever, mas fujam daquelas que são inocentes e fantasiam exageradamente com o ato de desenvolvimento e aprimoramento de um talento literário.  O objetivo do mesmo está concentrado acima e creio não ser mais necessário nenhum tipo de observação a mais ou a menos. Espero ter sido acima compreendido, Seres Do Mundo.

Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!

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