Uma amarga Crônica escrita em uma noite no meio da Pandemia de Covid-19

Imagem de 0rdinary1 por Pixabay

Inomináveis Saudações a todos vós, Seres Do Mundo!

Estou aproveitando estes dias de retorno ao mundo virtual para pôr em dia algumas coisas a fim de me organizar na continuidade de meus trabalhos virtuais. Sem ganhar um centavo sequer, seguirei escrevendo aqui, na Vulva, no Asas, no Contos Sombrios, no Poemas Sombrios, no Jardim, no Lágrimas, no Projeto C.O.V.A., no Romances, no Ozymandias e no Medium. Um esquema montado especialmente para isso tudo já havia traçado antes de me afastar, pelos motivos mencionados na postagem anterior. Falando em específico deste blog, vou tirar alguns poucos dias para poder retomar o ritmo normal das publicações, publicando as Newsletters que recebo com notícias atualizadas da Grande Crise Mundial pela qual estamos passando. Crise ignorada pela grande maioria do nosso povo, como venho muito a observar do alto ao baixo da pirâmide social.

Observo em silêncio, dentro da minha depressiva, solitária, triste e amargurada marcha. Aqui quem escreve não é uma pessoa feliz, sorridente, festiva como a maioria do povo brasileiro que em meio a quase 400.000 mortos pela Pandemia de Covid-19 ainda quer fazer festa, por qualquer motivo que seja. Este Blogueiro aqui é um depressivo autêntico, que escreve para não cortar os pulsos, meter uma bala na cabeça ou pular do alto de um prédio. Meu sangue não vale a pena ser derramado para estampar jornais e matérias pelas redes de comunicação da Internet e da TV Aberta ou Fechada. Meu sangue está aqui sendo vertido a cada postagem, junto com a minha alma, a minha mente, o meu coração e o meu Ser. O sangue de um observador que, calado, fica olhando em redor e vendo apenas, cada vez mais, deterioração, decadência e desespero. Mesmo que os felizes e sorridentes do Brasil e do mundo, visto que não é somente aqui que existem aqueles que tudo comemoram enquanto o mundo se torna um imenso abismo de lágrimas e sofrimentos, continuem na festa de suas vidas vazias e sem sentido, no fundo sentem o desespero mais gritante de todos.

Observo esse desespero nos negacionistas e nos que desprezam as notícias do que agora mesmo ocorre dentro da Pandemia como um todo. Estão morrendo 3.000, 4.000, 5.000 pessoas por dia (em breve, infelizmente…); mesmo diante disto, há quem prefira a isso tudo ignorar e nem parar um tempo para pensar no que isto tudo que estamos vivendo significa. Minha depressão somente aumenta sentindo que tudo está ruindo, em diversos sentidos, com uma tendência de apenas piorar a cada dia que passa. Isto não é ser um aterrador pessimista, mas um observador realista de uma contemporânea atualidade de coisas que sugerem que todos deveriam reconhecer. Entretanto, poucos reconhecem a necessidade de parar um pouco de correr tanto atrás do que já não é mais parte do mundo. Ninguém que ainda percebeu a verdade de tudo isto pelo qual estamos passando parou para observar que um estranho novo mundo se abriu para todos nós. A Humanidade em peso, do local mais inóspito do Brasil ao mais inóspito dos confins do Planeta Terra, não reconhece a Doença Existencial que todos nós somos. Eu nos observo como Doentes e quem se nega a aceitar isto olha para o outro lado a fim de observar tudo que alimenta toda e qualquer ilusão.

Observo, muitas vezes desesperado, algumas vezes confuso e poucas vezes racional, que a grande maioria nada está aprendendo com a Crise atual. E falo da realidade onde vivo, onde estou inserido junto contigo a ler esta crônica de um depressivo observador. A realidade brasileira de um país com um Pseudogoverno que se nega a tratar o povo com o devido respeito, a parcela mais necessitada da população. R$ 150,00, R$ 200,00 ou R$ 350,00 de um Auxílio Emergencial não são suficientes para aplacar as múltiplas dificuldades de milhões neste momento. É um crime, até, oferecer isto a quem não tem uma renda, o Desemprego grassa feroz e aumenta cada vez mais. Observo tudo isso bem na pele porque faço parte dessa parcela necessitada da população. Este observador aqui não é um cara rico ou abastado que fica o dia inteiro na Internet. Eu sou um pobre, financeiramente falando, morando em humilde casa sozinho, em um humilde bairro e sobrevivendo com dificuldade grandiosa. E posso até mesmo ser um pobre coitado de diversos modos escrevendo um texto como este que ninguém dará uma importância sequer porque até mesmo alguns de vocês lendo isto aqui se importam com outras coisas.

Observo o que mais importa para quem não está observando a caótica situação nacional e planetária, um doloroso grito de agonia que ouço a cada dia que me ergo de meu colchão. O Futebol importa mais. O Churrasco importa mais. O BBB importa mais. A Politicagem importa mais. A Cerveja importa mais. A Praia importa mais. A Piscina importa mais. Tudo que leva a não ter que pensar na possibilidade da morte chegar bem perto importa muito mais. Como se fosse possível escapar da sentença da Cadavérica, que já nos tem como Dela desde que nascemos. Como se o fato de não ter empatia para com quem está sofrendo agora a perda de entes queridos fosse afastar a sombra de Tanatos do meio da sala de estar ou do quarto. Como se levar a vida sem nada mais a fazer do que comemorar e se entregar aos mais diversos excessos fosse fazer com que a Foice nunca chegasse perto do Fio de Prata que liga os Espíritos deles aos Corpos que agora ocupam. Dure enquanto durar a Pandemia, essas pessoas que assim são, como dito acima, não vão aprender absolutamente nada se ainda estiverem encarnadas quando toda a tempestade que nos agride atualmente parar e desaparecer. Observemos juntos a História, leitoras e leitores virtuais. Quantos Seres Humanos realmente mudaram após as Grandes Crises de cada época, sobrevivendo às mesmas? Quantos Seres Humanos são capazes de aprender com a História de cada Crise como está na qual agora estamos? Quantos Seres Humanos aprendem mesmo algo de verdade mesmo que estejam imersos no meio de um extermínio, em todos os sentidos?

Observo que nem mesmo eu aprendo algo porque fico escrevendo muito sobre isso tudo que hoje está sendo o nosso Holocausto Planetário. Escrevendo para lançar uma postagem neste blog que será como um grão de areia dentro do deserto do Virtual no poço do deserto do Real. Não sinto mais nada além de uma imensa tristeza, observando minha inutilidade como Ser Humano que cada vez mais está compreendo o porquê de estarmos navegando na Crise do Hoje. Em minha depressiva solidão, me decepcionando com diversas pessoas, das quais eu nunca mesmo aguardei nada, e encontrando pouquíssimas amizades sinceras e verdadeiras, fico aqui dentro de minha morada, meu mundo, pensando em várias maneiras de não enlouquecer. Não tenho meios de pagar um tratamento psicológico agora e também creio que Psicologia, no meu caso, não funciona. Me sinto melhor trabalhando dentro das minhas crenças espiritualistas e da minha escrita. Minha Fé me entende. Minhas Letras e Versos me entendem. Este Mundo aqui é um dos meus divãs, observação inédita de minha parte, visto que sempre considerei cada um dos meus blogs como hospícios onde cada postagem é uma tentativa de gritar algo para o mundo dentro de uma camisa-de-força de letras, bytes e bits.

E, por fim, observo que você que chegou até aqui nesta leitura se importa com tudo que anotei nas linhas acima. Ou posso estar enganado e você pode ser um ou uma daqueles que critico nas mesmas linhas acima. Eu não sei quem você é, leitora. Eu não sei quem você é, leitor. Apenas uso da essência deste blog para te observar, assim como ocorre com cada visitante daqui, dialogando com você de um modo direto. Diálogo de Autor com uma leitora ou um leitor, observem bem isto, passo longe da Vidência. Sou apenas um observador anti-social por natureza, metade misantropo, metade conectado ao Todo Humano. Não tenho nada de genial nem de extraordinário, como pode parecer por eu alimentar tantos blogs e me espalhar pelo mundo virtual como um vírus. Porém, nunca serei uma pandemia que atingirá milhões de leitores, observo que sou apenas mais um daqueles desencatados célebres Autores Póstumos. Um cronista de um despedaçado mundo observando a tudo que se passa por aí com olhos cansados e a mente fervilhando de ideias que brotam através do que ele escreve. Um pequeno verme diante da Imensidão Cósmica que se ilude muito pensando que pode mudar alguma coisa ou mover grande mudança em grande parte das pessoas que o lerão.

Observo, no entanto, que teimo em ser assim porque é meu dever ser assim, buscando um Graal que nunca poderei alcançar. Uma sina de quem não tem, nunca teve e não quer ter um nome. Assim são os Inomináveis.

Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!


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