Estados Unidos
2023
114 min.
Direção: Greta Gerwig
Roteiro: Greta Gerwig & Noah Baumbach
Baseado em Barbie da Mattel
Produção: David Heyman, Margot Robbie, Tom Ackerley e Robbie Brenner
Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Rhea Perlman e Will Ferrell
Cinematografia: Rodrigo Prieto
Edição: Nick Houy
Música: Mark Ronson & Andrew Wyatt
Companhias Produtoras: Heyday Filmes, LuckyChap Entertainment, NB/GG Pictures e Mattel Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Datas de lançamento:
09 de julho de 2023 (Shrine Auditorium)
21 de julho de 2023 (Estados Unidos)
Idioma: Inglês

Sinopse:

No fabuloso live-action da boneca mais famosa do mundo, acompanhamos o dia a dia em Barbieland – o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e curtir intermináveis festas. Porém, uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Logo, sua vida no mundo cor-de-rosa começa a mudar e, eventualmente, ela sai de Barbieland. Forçada a viver no mundo real, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca – pelo menos ela está acompanhada de seu fiel e amado Ken (Ryan Gosling), que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo. Enquanto isso, Barbie tem dificuldades para se ajustar, e precisa enfrentar vários momentos nada coloridos até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um.

⚖️Créditos da Sinopse: Espaço Itaú de Cinema (atual Cinesystem Botafogo)

Inomináveis Saudações a todos vós, Seres Do Mundo!

A primeira vez em que ouvi falar do filme em Live Action da Barbie, pensei imediatamente que se trataria de algo banal, atado à exibição de um róseo mundo repleto de eterna felicidade, festas e plenas conquistas da Personagem que lhe dá título. Pelas fotos que foram sendo divulgadas e os Trailers (aos quais não assisti, confesso), não foi nascendo em mim um grande interesse pela adaptação e nem entusiasmo ou curiosidade. No entanto, como eu não sou alguém de ideias e comportamentos imutáveis em muitas coisas, principalmente nas culturais, me peguei bastante curioso para assistir à obra muito por causa do Fenômeno Barbenheimer que citei na Resenha de Oppenheimer. Então, segunda-feira, 21 de agosto de 2023, tive a oportunidade de assistir ao mesmo no cinema e legendado, como gosto. E saí da sala de exibição surpreendido pelo que me foi transmitido na imersão que fiz para dentro do filme.

Óbvio que eu jamais aguardaria que o Existencialismo estaria presente como um tema de um filme que adapta uma boneca e seu Universo Mitológico com pessoas de carne, ossos, músculos e sangue. Os filmes animados da Barbie, cujas partes andei assistindo algumas vezes, sempre transitavam entre temas muito bobos, leves, divertidos e despreocupados que são de fácil apelo junto aos mais diversos tipos de público. Este filme não, pois aqui, longe do glamour de uma Eterna Felicidade em Barbieland, dentro do Mundo Real com todas as tendências e manifestações do mesmo, o crítico condutor central do Roteiro de Greta Gerwig e Noah Baumbach incomoda bastante. Quem foi ao cinema dando nada ou pouca coisa pelo filme, como eu fiz, dependendo da capacidade cognitiva e daquela tendência a assimilar tudo com abertíssima mente, foi tão surpreendido quanto eu. Quem foi pretendendo assistir a um filme bem fofo e colorido, cheio de coisas que possam ser assimiláveis de modo fácil, não deve ter gostado muito ou foi tão surpreendido quanto aquela outra parcela de cinéfilo, entre os quais eu me incluo.

Barbie é um filme sobre O Ser. O Ser No Mundo. O Ser Na Vida. O Ser Na Sociedade. O Ser No Feminino. O Ser No Masculino. O Ser Na Civilização. O Ser Na Humanidade. Suas críticas pegam as mais conhecidas referências do viver contemporâneo, fazendo Eco com o viver de outras épocas, para compor um exercício de Arte Cinematográfica de alta qualidade e capacidade. Acertando em cada uma das críticas e elaborando um olhar por cima de cada uma, Greta Gerwig faz da sua obra um meio para o alcance e a abordagem de muitas reflexões que lançam os alicerces para qualquer leitura deste nosso momento histórico. Não é tão fácil, para muitos, compreender o que a Diretora quis fazer no filme ao se utilizar de uma boneca estereotipada ao lado de um boneco tão ou mais estereotipado quanto aquela para criticar a tudo no mundo. E quando falo acerca de tudo no nosso mundo, não cito apenas o nosso Ocidente, também o Oriente com tantos problemas e rachaduras em suas sociedades tão heterogêneas. Não sendo tão fácil ver o que eu e outras pessoas viram no filme para parcela do público, o índice de ataques e críticas negativas possui o caráter de ser sempre pontuador de questões que sequer são o principal nele.

Questões como o Matriarcado, o Patriarcado, o Feminismo e o Machismo se tornam tão menores a certa altura do filme que o que sobra é apenas isto: O Humanismo. Carregado por uma corrente de Pensamento Humanista dentro de uma atmosfera filosófica existencialista, Barbie encerra em si, além da temática do Ser, a do Não-Ser. Não-Ser o que a sociedade espera que alguém seja. Não-Ser o que a família planeja que alguém seja. Não-Ser o que a Mídia defende como O Ser. Não-Ser o que as instituições pautam como aceitável, normal e seguro. Tudo isto não é aplicado nas quase duas horas de filme ao modo de uma aula de Filosofia, mas com cenários específicos, frases irônicas, situações cômicas, diálogos inteligentes, letras de músicas pontuais e momentos de introspecção vitais sem o peso de uma Dialética Kantiana, Sartreana ou Kierkegaardiana. Immanuel Kant, Jean-Paul Sartre e Soren Aabiye Kierkegaard, que de maneiras diferentes trataram em suas filosofias do Ser, são traduzidos com simplicidade dentro de um blockbuster cinematográfico para quem puder alcançar-lhes dentro do sentido em si do desenvolvimento do Roteiro. É muita coisa mesmo de se surpreender em um filme aparentemente inocente e teoricamente infantil.

No entanto, nada é inocente ou infantil em Barbie, o que muitas vezes a Metalinguagem inserida na obra faz com que esbarre na face do espectador mais atento tal afirmação. As mães que reclamaram ao saírem do cinema, após levarem suas filhas menores para assisti-lo, poderiam ter antes lido alguma Resenha sem Spoilers, como esta que estou aqui fazendo. De delicado e bonitinho, somente as roupas das Barbies; o restante é uma porrada na cara de todo mundo que conseguiu entender a verdadeira proposta do filme. Há muitas cenas incômodas, bem perto de serem desagradáveis, que se referem à mesma felicidade tóxica de permanentes selfies sorridentes das Redes Sociais. Outras cenas exalam grande melancolia e desilusão, trazendo um sentimento de desconforto e tristeza tão grandes que nem mesmo passagens posteriores mais amenas conseguem diminuir. Como disse acima, saí do cinema com o filme na cabeça, meditando sobre cada mensagem e a principal delas, a concernente ao verdadeiro tema, O Ser. E me peguei, em um momento, sentado no vagão do trem do Metrô que peguei para voltar ao meu lar, olhando para todos que estavam no mesmo. A maioria, 99%, estava mexendo no celular, voltado do estudo ou do trabalho, dentro de seus mundos pessoais e realidades interpretativas do mundo exterior. E me perguntei, baseado também na outra mensagem que vi no filme: será que cada uma destas pessoas busca a si mesma, procura conhecer-se e Ser?

Sou alguém que viaja para dentro de mim mesmo. Sou alguém em busca de mim mesmo. Sou alguém que quer, cada vez mais, Ser. Me identifiquei com a Barbie (Margot Robbie… é o primeiro filme com ela que assisto e me torno Fã dela a partir de agora; ela encarnou perfeitamente a Personagem com todas as nuances de Personalidade possíveis) no desejo que ela sentiu em tentar descobrir-se, encontrar-se e Ser além do Estereótipo, do Glamour e do Luxo vazios nos quais foi concebida dentro de uma corrente mercantilista de consumo desenfreado. Me identifiquei com o Ken (Ryan Gosling… é o primeiro filme com muita Alma que assisto com ele, que visceral e pleno se entrega com toda a alma ao Personagem que encarna, demonstrando ter amado cada parte que filmou) no desejo dele ser Alguém, um Ser genuíno, um Ser autêntico, um Ser íntegro e um Ser que se conhece como, simplesmente, Alguém Que É. A presença da Mattel no filme, abrindo as caixas metalinguísticas que quebram a Quarta Parede, criticam tanto o Consumismo quanto a industrialização em massa de produtos sem levar muito em conta as opiniões e pensamentos dos consumidores. O choque entre Barbieland e o Mundo Real tem muitos reflexos na primeira Realidade, o que no filme abre espaços para críticas muito mais abertas, tensas, intensas e muito, muito mesmo, incômodas, tanto para homens quanto para as mulheres.

Porém, a Mensagem Maior do filme, do seu clímax a um belo momento que não vou aqui mencionar, apresenta uma solução para que todas as polarizações de Gênero se extinguam: o indissociável e necessário Perfeito Equilíbrio entre O Feminino e O Masculino. Aqui falo do Sagrado Feminino e do Sagrado Masculino, não daquilo que tanto faz Feministas dos mais diversos matizes, Incels de tudo que é canto e Mascus de todo esgoto se digladiarem no ringue das opiniões de guerra dentro e fora da Internet. É preciso que, para vocês entenderem esta conclusão da minha Resenha e um pouco do meu pensamento, que vocês saibam o que É O Sagrado Feminino é o que É O Sagrado Masculino. Mesmo que as vossas interpretações do filme sejam diferentes da minha, conhecer e reconhecer a verdade sobre tais Princípios, que podem ser aplicados do Espiritual ao Social, podem ajudar na tradução do que ainda possa ser difícil de assimilar dentro do que a Direção, o Roteiro e a Produção deste filme querem diretamente dizer para todo mundo que o assistir. Aqui fica a minha interpretação, a minha versão daquela Mensagem e o modo como me foi entregue esta. A quem já o assistiu e não o compreendeu bem, digo que assista de novo. A quem ainda não o assistiu, digo que assista-o sem o temor de encontrar apenas vazias superfícies como a da maioria dos filmes que nos últimos vinte anos tem chegado aos cinemas.

Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!

Greta Gerwig

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