Foto de Dominika Roseclay no Pexels

As grandes fantasias morreram. As grandes descobertas desapareceram. Os grandes homens hoje são ocultos pela parcela movida a incêndios corrompedores de todos os fatos. As grandes mulheres hoje em dia se calam, as que hoje dialogam pela Humanidade não são detentoras de uma Verdadeira Sabedoria. Entre os escombros de nossa espécie, não há Sábios; se estes existem, estão ocultos dos olhos dos ignorantes para não serem linchados. Manobra inteligentíssima de gente que é cautelosa e sã em vários sentidos. Apenas incautos e loucos se armam de vários veículos para poderem falar dos destroços desta perdida civilização ordinária.

Destroços por toda parte dentro das cinzas da contemporaneidade. A Mídia arma ciladas e prisões para a mente, abrindo espaço para o culto de personalidades doentes, infantis (no pior sentido) e vazias. É o mundo dos Popstars sem talento, seres que nada tem a dizer de profundo para o social que comporta vários níveis de estados existenciais. Se no Brasil temos as Anittas e as Ludmillas, pelo mundo inteiro temos os Biebers e Beyoncés que pululam como pragas nocivas para o bem estar de mentes como um todo. O Big Brother saiu da TV para a realidade cotidiana, incendiando as populações e tornando toda cidade dentro da Cinzenta Cidade um show de horrores espetaculares a cada segundo. Horrores de existências vazias, tão vazias quanto as daqueles que influenciam milhares em diversas freqüências e situações, demências e imposições de um ideal de vida que tiranicamente tentam fazer a normativa para tudo e para todos.

Donald Trump se utiliza da midiática exploração de suas falcatruas dialéticas para inverter todas as peças do jogo no qual se encontra. Ao atacar insistentemente a Imprensa dos Estados Unidos que está atenta ao embuste que ele é, forma opiniões em simpatizantes de sua loucura pelo planeta inteiro. É claro que ele não deixa de ser o homem mais odiado da contemporaneidade por imensa parte da Humanidade, mas há quem replique suas invectivas amparadas em franca ignorância por tudo que é país. Jair Bolsonaro e Cabo Daciolo, os candidatos mais estranhos de todos os tempos para Presidência do Brasil, são dois dos replicantes da ideologia da estranha forma de fazer política do colega Trump. Olavo de Carvalho é o ideólogo de uma massa de cérebros que sofreram lavagem cerebral pela Internet, ocasionando uma leva de selvagens do intelecto (no pior sentido) que descambaram em YouTubers de risível aura a terem milhões de seguidores.

O YouTube hoje está se tornando uma terra de liberdade de expressão muito fértil. Isto traz os seus benefícios e malefícios em proporções diferenciadas. Se os benefícios são pouco considerados, os malefícios se tornam arbitrariamente elevados. De Felipe Neto a Nando Moura e Kéfera, apenas para citar os malefícios mais escandalosamente bizarros, temos junto com ele uma massa teleguiada de seguidores tristemente replicadores de seus pensamentos e comportamentos. Ser um replicante é parte da natureza humana, nada de original, hoje em dia principalmente, vem a ser notado no que se vê na Mídia em geral. É tudo uma imbecilização preenchendo todos os campos sociais de inutilidades praticamente deletérias do verdadeiro sentido de uma intelectualidade evolutiva quase ao nível de uma sabedoria. Se existe sabedoria na ignorância, ela tem sido popularizada cada vez mais na Cinzenta Humanidade destes tempos ciberneticamente incapazes de trazer à tona apenas o melhor do Ser Humanos. O pior vem sendo aplaudido. O pior vem sendo premiado. O pior vem sendo saudado. O pior vem sendo cumprimentado. O pior vem sendo endeusado. O pior vem sendo eternizado.

E as cinzas progridem em sua expansão, sem um limite determinado para ser varrida para fora de nossos caminhos atuais. Grandes cinzas para estes cinzentos tempos de pulverização da vida cotidiana. Muita gente não foge, até gosta de estar entre as turbas manipuladas. A Cinzenta Cidade assim murmura os nomes próprios da cegueira ativa nos que se tornam nativos habitantes de seu território de danos. Impossível fugir da máquina de manipulações, ela é o cerne do mundo atual, está assentada junto a cada homem e mulher do meio social. Alguns estão livres, uma liberdade que sufocada vem sendo por cada ignorante que vela por sua ignorância. Olhar-se no espelho e ver a alma incomodada com todo o nefasto momento cinzento humano é, como dito no início desta crônica, um ato de incautos e loucos que tentam, pelo menos, abrir alguns olhos. Prefiro ser um incauto neste mundo de acomodados do que com estes me alimentar da humana merda de sandices proliferadas como “bençãos de um mundo globalizado”. Prefiro ser um louco neste mundo de acólitos do Imbecilismo Social do que com imbecis como eles marchar rumo à Santa Guilhotina que aguarda, ao fim, cada um deles em suas respectivas estradas existenciais.

E você aí prefere ser o quê no meio das cinzas da Cinzenta Cidade, leitora e leitor destas obscuras Cinzentas Crônicas?


Inominável Ser
CINZENTO
CRONISTA
INOMINÁVEL


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