Direção: Ryūtarō Nakamura
Produção: Yasuyuki Ueda e Shōjirō Abe
Roteiro: Chiaki J. Konaka
Música: Reichi Nakaido
Estúdio: Triangle Staff
Licenciado por AUS, Universal/Sony, NA, Crunchyroll, UK e MVM Films
Emissora original: TXN (TV Tokyo)
Período de exibição: 06 de julho de 1998 – 28 de setembro de 1998
Episódios: 13

Sinopse:

Lain é uma jovem adolescente solitária que desenvolve um fascínio pela informática e pelo Wired após a morte de uma das suas colegas de escola. Um e-mail, enviado por esta após a sua morte, explica que o seu corpo deixou de viver e que ela vive agora na Wired. O Anime em si é bastante complexo, mas muito interessante, pois prende a atenção.

⚖️Créditos da Sinopse: Anime Fire

Inomináveis Saudações a todos vós, Seres Do Mundo!

A Arte tem o costume de nos transportar e nos fazer transbordar para elementares estados de acesso a incomuns elementos existenciais. Nem sempre, no entanto, ela tem que se utilizar de uma linguagem que se possa traduzir através de uma linguagem excessivamente explicativa, como uma interminável aula maçante. Todos nós já tivemos, alguma vez na vida, uma Professora ou um Professor que arrastasse suas aulas por horas a fio em um ritmo que nos causava um misto de irritação, sonolência e vontade de abandonar a sala de aula. Confessemos que, muitas vezes, algo muito explicado sem que nos faça ser a ele conectado tem a tendência de não nos esclarecer acerca de sua presença, seja esta dentro ou fora da Arte. E quando obras como Serial Experiments Lain surgem, não propondo ser uma constante aula monótona de Conceitos Cyberpunk, Filosóficos, Psicológicos, Lógicos e Sociais, no próprio Existencialismo em si dessas propostas conceituais, muitos agradecem a algo que artisticamente motive, instigue, provoque e morda a mente.

As mordidas deste Anime conduzem ao despertar para questões muito contemporâneas a todos nós. As provocações deste Anime abandonaram a época em que o mesmo foi lançado e são atemporais. As instigações deste Anime fazem seu contínuo percurso para dentro das nossas vivências e experiências com a Tecnologia e a Ciência. As motivações deste Anime, inspirando as nossas Motivações como seres pensantes, estão bem além de seu público-alvo intelectualizado. Animes, dando ênfase a esta Arte Japonesa que tanto pode ser tão sublime quanto grotesca, tão elevada quanto abissal, tão aceita quanto desprezada, são o que podemos denominar na Contemporaneidade um meio de expressão aberto às mais amplas formas de se contar uma história. Tanto Coletiva quanto Individual, uma história dentro de um Anime pode ter uma condição de se conduzir para altos graus de catarse, horror, deslumbramento, êxtase, fuga e encontros.

Encontros que podem nos eliminar de uma determinada forma de pensar ou nos adequar a uma linha de raciocínio logicamente coerente com os tempos atuais. Fuga de uma realidade insana modelada pelas nossas totais faltas de perspectivas ou de algo incômodo aludindo a formas de se pensar o mundo com a métrica de quem já se dá por satisfeito com tudo. Êxtase baseado na grande iluminação das ideias que são alcançáveis por meio de uma incomum imersão nos significados do que foi contado ou na identificação com os Personagens e as Personalidades dançantes no enredo ao olhar desdobrado. Deslumbramento diante de uma narração contínua abordando o que comumente não faz parte do cotidiano dos diálogos ou pelo fator em si dos temas tratados serem tão perfurantes por carregarem densos sentimentos e sensações e pulsações. Horror diante da real visualização de uma situação que se tem como inteligível segundo a Educação Humana ou dentro de um insight durante a maratona de episódios capacitando ao fim de ilusões modeladas desde a infância por influência externa e interna. Catarse típica de quem esquece de si ao encontrar-se diante da Arte Pura que não pede permissão para chegar em nosso Ser ou de quem se lembra de si como era em algum distante tempo longe de muitas coisas que foram fragilizando e enfraquecendo a naturalidade, a autenticidade e a liberdade. Tudo isto foi o que neste Inominável Ser que vos fala este Anime, Serial Experiments Lain, causou.

Causou por não ser apenas a história de uma menina humilde e simples, solitária e deprimida, que se descobre através do uso da Wired, a Rede Informacional de Fluxos de Dados que antecipou duas década antes o que a Internet se tornaria hoje. Não sendo apenas uma história individual, mas referente à Coletividade Humana em seu relacionamento com O Real e O Irreal, a meta do brilhante Roteiro de Chiaki J. Konaka não é pautar apenas um tema dentro do outro sem qualquer sentido direcional. Pelas vias das descobertas e deslizamentos de Lain pelo Real e Irreal, além do Essencial e Inessencial, nascem as indagações que precisam ser feitas por qualquer obra artística que vai muito longe do básico entreter para poder fazer o tempo passar. Anterior a Matrix, os treze episódios de Lain são superiores à obra das Irmãs Wachowski por irem com maior frequência bem para dentro dos Existenciais Questionamentos Necessários dentro das próprias Contingência, Necessidade e Campos Referenciais da Humana Existencialidade. Filosofia que se pode chamar como tal, o arcabouço do nascimento das gerações de indagações em geral, em Matrix, somente pode ser visto no primeiro filme, a bem da verdade. Não estou lhes pedindo para comparar as duas obras, caso alguns que ainda não assistiram a Lain queiram a esta conferir; nem comparo as duas, cujos pontos comuns são vários e se destacam de modo individual no que tange ao quanto elaboraram Visões acerca do Deserto Do Real No Oásis Do Irreal. Mas, no lugar onde Matrix parou, Lain seguiu adiante e consegue ser muito mais interessante pelo fato de não ter se preocupado em conquistar multidões a fim de transmitir suas mensagens.

Sem a preocupação dentro desse nível de expansão do seu público, Lain navega incólume como uma das melhores e maiores abordagens artísticas até hoje realizadas acerca das humanas relações com o Virtual. Para uma época em que a discutível e bizarra ascensão da Inteligência Artificial, que tal como um Anime pode gerar positivas e negativas reações, a atualíssima presença desta nipônica peça autoral cyberanimada é da mais visceral autoridade. Ela aponta um horizonte de verticalizações para pensamentos que não queiram fugir de todo tema acerca do que nos separa daquilo que há nas Redes Sociais e nas Redes Relacionais Humanas. Profano e Sagrado se dão as mãos em alturas atingidas pela história, de uma maneira tão natural, que podemos esquecer, durante a navegação para dentro de um episódio, que tudo neste é uma obra ficcional. Porém, o que hoje separa O Ficcional do Real para Seres Hiperconectados como nós e todos que conhecemos? Contei uma experiência íntima de reflexão que tive ao voltar de metrô para casa após assistir o filme da Barbie, 99% das pessoas no vagão em que eu estava tinham em mãos seus Portais para esta Wired/Matrix onde eu publico este texto que você agora lê e avançavam naquela por meio de seus Avatares Cibernéticos. Lain, a Personagem, se integrou em 100% de si à Cyberealidade, não separando seus relacionamentos com o Mundo Orgânico e o Mundo Cibernético em linhas que, até o momento, nós, humanos deste lado de um Ponto Referencial Existencial da Criação, ainda podemos fazer. Mas, muito pouco falta para que nós nos tornemos uma Lain e ganhemos uma posição em fusão com tudo o que a Humanidade desenvolve para fazer com que escapemos do comum viver.

É mais do que uma Cyberaventura a essência primordial desta obra-prima quintessencial da Animação Japonesa dentro da Ficção Científica. Nunca devemos nos esquecer que, tirando tudo que a Internet facilitou para nossa vida atual, o restante de sua Razão Existencial é nos fazer fugir do plano das coisas materiais. Aquilo que podemos tocar, sentir o odor, vestir, folhear, manipular manualmente e até mesmo gerar em conjunto com outros Seres Humanos está ficando cada vez mais tênue, distanciado e irrelevante. Tudo hoje está se voltando para o Mundo Virtual, eu não escapo desta irresistível atração, você não escapa da mesma e nem aqueles que dizem não ligar para os desenvolvimentos tecnológicos um dia continuarão tentando escapar. Não é apenas Diversão e Entretenimento, Conhecimento e Trabalho, o que une o mundo inteiro através da Internet/Wired/Matrix; Solidão, Dor, Escravidão, Buscas, Encontros e Desencontros nos fazem Deslizar e Afogar neste Mar Virtual de louvores e terrores para toda a Humanidade. O Ser que é Lain não é uma menininha comum como as vistas em muitos Animes, acrescentando aqui o que eu acima disse acerca dela. Ela tem tudo de cada um de nós absorvidos nesta Prisão criada e recriada e ainda por criar-se a partir das mais geniais mentes da Humanidade. Um Gênio, Lain é Melancolia, Tristeza, Angústia e Desolação Puras em busca do Verdadeiro Sentido Existencial dela, do mundo e das pessoas com as quais tem contato. Não sei lhes dizer quantos Verdadeiros Gênios existem na Terra, mas nem é preciso ser um para sentir tudo o que ela sente, vive e alcança, fazendo-lhe buscar a si mesma na Virtualidade Cibernética. Lain encontrou O Caminho, A Verdade e A Vida dela nas cibernéticas correntes da Wired. Conforme o relacionamento de cada um com a nossa Internet, não é impossível passar pelos mesmos processos e alcançar A Plenitude que tomou conta do Ser da Personagem.

O mundo de Serial Experiments Lain não está distante do nosso no Agora, o Anime lançou diversas Profecias que estão se cumprindo neste exato momento dentro da ultravelocidade das correntes de Dados Virtuais. Entidade Viva, a Internet nos engole sem mastigar e mastiga sem engolir, nos mantendo ainda no meio-termo entre Ela e o que cada um de nós vem a interpretar como Realidade e Irrealidade. Toda obra de Ficção Científica tem tudo de profético, minhas caras, meus caros, nada nelas embelezando ou defendendo, exaltando ou atacando, o que antecipam. Obras como Lain repassam os prós e os contras de nosso apego com os avanços científicos tecnológicos, deixando-nos para decidir o que faremos ou não com tais informações. Escolher o bom ou o mau uso de tudo que tecnologicamente temos hoje compete a cada mulher e homem em particular, leitores virtuais. E todos nós, como leitores reais das Informações da Verdadeira Vida que devemos ter além da Vida Virtual, também temos a exclusiva responsabilidade de escolhermos o que faremos com tantas facilidades em dispositivos dentro de nossas Consciências. Cabe para cada um que tiver o interesse em conhecer o Anime que foi Resenhado nesta Postagem também encontrar mais perguntas, abordagens, mensagens e comentários atualíssimos acerca do que eu vejo cinzento na Sociedade Mundial Contemporânea. Vocês podem até ver algum colorido em Lain, pois é muito fácil ignorar algo ou alguém em Verdadeiro Desespero nesta nossa época do que denomino como a Época da Desgraça Contemporânea. Um dia já fui assim desatento, mas a Arte veio a me ajudar a cada vez mais tentar não ser assim. E, como destaquei no início, a Arte em um Anime como este vem a ter aquela forma de Alma típica das obras compreensíveis apenas por aqueles que se deixam fragmentar e conduzir por elas.

Me fragmentei e me deixei ser conduzido, como sempre hei de fazer ao me fundir a qualquer expressão artística humana, em Serial Experiments Lain. E o acréscimo desta mudou muito em mim, continua mudando e continuará agindo nas mudanças internas que estão agindo, pouco a pouco, no externo. Arte é isto, minhas senhoras, meus senhores, usando de um recurso tecnológico para fazer uma Crítica isenta de toda a Razão De Ser Tecnológica no caso aqui delineado por mim. E a obra de Arte que Lain é, existe para todos, não para poucos iniciados no que a obra tem a continuar dizendo para os da nossa Espécie.

Saudações Inomináveis a todos vós, Seres Do Mundo!

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